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Identidade Linguística e Cultural: O que o WIDA pode inspirar no ensino bilíngue brasileiro

Atualizado: 20 de ago.

Entre os princípios fundamentais do WIDA ELD Standards Framework 2020, um dos mais relevantes é o reconhecimento da identidade linguística e cultural dos estudantes. O documento defende que aprender inglês não deve ser visto como um processo que apaga ou substitui a língua materna, mas como uma experiência que se soma à bagagem linguística e cultural que cada aluno já traz consigo.


Isso significa enxergar o estudante não apenas como alguém em déficit por não dominar ainda o inglês, mas como um sujeito multilíngue em construção, cuja identidade é formada por diferentes vozes, histórias e repertórios. O WIDA reforça que toda língua é um recurso valioso, e que os educadores devem estimular os alunos a utilizarem seus conhecimentos prévios para acessar novos conteúdos e construir significados mais profundos.


Essa perspectiva é poderosa porque desloca a ideia de que o inglês é o "padrão" ao qual todos precisam se adequar. Em vez disso, o aprendizado é entendido como um processo dinâmico e plural, onde o idioma adicional é ferramenta de conexão com o mundo, mas não substitui a riqueza da língua materna e das referências culturais do estudante.


No Brasil, onde o bilinguismo educacional cresce rapidamente, esse debate é extremamente pertinente. Muitas escolas ainda encaram o inglês como um símbolo de prestígio social, mas deixam de reconhecer a diversidade linguística real do país. Estudantes bilíngues, trilíngues, falantes de dialetos regionais, descendentes de povos indígenas ou de imigrantes — todos carregam identidades que merecem espaço na sala de aula.


Ao trazer esse olhar para a prática pedagógica, podemos construir experiências de aprendizagem mais autênticas e inclusivas. Atividades que convidam os alunos a comparar línguas, compartilhar expressões culturais ou refletir sobre suas origens não apenas fortalecem a aquisição do inglês, mas também reforçam autoestima, pertencimento e valorização da diversidade.


Embora o WIDA não seja adotado oficialmente no Brasil, seu princípio de valorizar a identidade linguística e cultural pode inspirar escolas bilíngues brasileiras a reverem seus currículos. Mais do que formar alunos proficientes em inglês, o desafio é formar cidadãos que reconheçam a importância das múltiplas vozes que compõem nossa sociedade e que sejam capazes de transitar entre elas de maneira crítica e respeitosa.


👉 Reflexão final: Em um mundo cada vez mais globalizado, manter vivas as raízes linguísticas e culturais é um ato de resistência e, ao mesmo tempo, de abertura. O inglês pode e deve ser aprendido, mas sempre em diálogo com quem somos, com nossas histórias e com a pluralidade que define a identidade brasileira.

 
 
 

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