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Avaliação para Aprendizagem: O Olhar do WIDA e os Desafios do Ensino Bilíngue no Brasil

Atualizado: 20 de ago.

A avaliação é um dos temas mais sensíveis e, ao mesmo tempo, mais decisivos na educação. No WIDA ELD Standards Framework 2020, ela aparece sob uma perspectiva transformadora: em vez de ser apenas um instrumento para medir resultados, a avaliação é vista como parte integrante da aprendizagem, um processo contínuo que acompanha o estudante em sua trajetória e oferece informações valiosas para apoiar seu crescimento.


Essa abordagem é chamada de avaliação para aprendizagem, em oposição ao modelo tradicional de avaliação da aprendizagem. O foco não está em rotular os alunos com notas ou níveis fixos de proficiência, mas em compreender suas necessidades, identificar avanços e ajustar o ensino de forma responsiva. A ideia é que cada devolutiva seja uma oportunidade para que o aluno reflita sobre seu processo e encontre caminhos para evoluir.


No WIDA, a avaliação está diretamente conectada ao desenvolvimento linguístico e acadêmico. Isso significa que não basta verificar se o aluno sabe conjugar verbos ou aplicar regras gramaticais. O que importa é analisar como ele utiliza a língua para construir sentido em diferentes disciplinas, como comunica ideias, resolve problemas e participa de interações autênticas. Essa visão amplia o conceito de proficiência, aproximando-o da vida real e das demandas escolares.


No contexto brasileiro, essa reflexão é especialmente necessária. Muitas escolas ainda se apoiam em provas padronizadas, que reduzem a aprendizagem a acertos e erros em exercícios descontextualizados. Em programas bilíngues, o desafio é ainda maior: como avaliar estudantes que estão em diferentes estágios de proficiência sem desconsiderar seu potencial e sem puni-los por não terem o mesmo ponto de partida?


A inspiração do WIDA nos mostra que a avaliação precisa ser flexível, contínua e significativa. Em vez de apenas registrar lacunas, ela deve revelar possibilidades. Ao utilizar rubricas, portfólios, observações e feedbacks qualitativos, as escolas podem construir uma visão mais rica e justa do desenvolvimento linguístico dos alunos. Além disso, ao envolver o estudante no processo — pedindo que ele reflita sobre seu progresso e estabeleça metas —, a avaliação deixa de ser um momento de ansiedade e se torna parte natural do aprendizado.


Embora o WIDA não seja oficialmente adotado no Brasil, seu princípio de avaliação para aprendizagem é um convite poderoso à mudança. Ele nos desafia a transformar a cultura avaliativa, tornando-a mais inclusiva, equitativa e conectada aos reais objetivos do ensino bilíngue: formar estudantes capazes de usar o inglês como ferramenta de pensamento, expressão e participação no mundo.


👉 Reflexão final: No fim das contas, avaliar não é classificar, mas cuidar do percurso. É reconhecer que cada aluno trilha um caminho próprio e que o papel da escola é acompanhar, orientar e abrir novas possibilidades. Essa é a essência da avaliação para aprendizagem — e talvez o maior legado que o WIDA pode oferecer às escolas bilíngues brasileiras.

 
 
 

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